
Este postal chega de uma das regiões mais isoladas da Colômbia. A Orinoquia. No extremo oriental do país, fazendo fronteira com a Venezuela, é uma região caracterizada por grandes savanas a norte (os llanos) e pelas florestas e selvas de transição com a Amazónia, a sul. É também uma zona de grandes rios, que fazem parte da bacia hidrográfica do rio que lhe dá o nome, o Orinoco. O terceiro maior da América do Sul, a “grande serpente”, como lhe chamam por ali. Foi uma expedição pelo Orinoco que me levou até lá. 300 km em lancha, em seis dias, sobre os quais escreverei com mais detalhe em breve. Atravessámos bosques ripários, savana, florestas, selva e as enormes rochas ancestrais do Escudo das Guianas, uma das formações geológicas mais antigas do planeta. Conhecemos populações que, desde sempre, habitaram e viveram dos e nos rios. Maravilhámo-nos com a paisagem e com a vida selvagem que vimos e adivinhámos pelo som e os rastos, desde o lugar privilegiado do nosso assento na lancha e em caminhadas por esse território mágico.
Deixo-vos esta imagem, como aperitivo, e duas sugestões para lerem mais sobre o homem que inspirou esta aventura, Alexander Von Humboldt. Um explorador e polímata prussiano quase esquecido na Europa actual, mas que teve uma influência imensa em vários campos da ciência no século XIX e na maneira como olhamos para a natureza até hoje.
Pondré mi oído en la piedra hasta que hable
É uma narrativa romantizada (em sentido literário) do trajecto de Humboldt na Colômbia. Lê-se num ápice e consegue aquela mistura de linguagem poética na descrição da natureza que o próprio Humboldt almejava.
A Invenção da Natureza – As aventuras de Alexander Von Humboldt, o herói esquecido da ciência
É a sua biografia completa. Conta, de forma resumida, todas as suas explorações pelo mundo e desenvolve a influência enorme que teve na maneira como, até hoje, olhamos para a natureza. Da sinopse “Deu nome a mais coisas do que qualquer outro: cidades, rios, cordilheiras montanhosas, uma corrente oceânica, um pinguim, uma lula gigante e até o Mare Humboldtianum na Lua. As suas andanças singulares parecem extraídas de um livro de aventuras: Humboldt penetrou na floresta tropical, subiu aos vulcões mais altos do mundo e inspirou príncipes e presidentes, cientistas e poetas. Napoleão invejava-o; a revolução de Simão Bolívar foi alimentada pelas suas ideias; Darwin zarpou a bordo do Beagle por causa dele; e o Capitão Nemo de Júlio Verne tinha lido todos os livros de Humboldt. “