Livros Lidos em 2024

Repetindo a fórmula vencedora dos últimos anos, aqui fica, em modo resumo de um parágrafo para os preferidos, a lista dos livros que li em 2024. Mais uma vez, dentro de cada categoria, estão listados aleatoriamente, sem ordem cronológica ou de preferência.

Os preferidos:

Indian Summer – The Secret History Of The End Of An Empire; Alex Von Tunzelmann

A história dos bastidores da partição e independência da Índia e do fim do Raj britânico, com um foco muito grande nas vidas dos seus intervenientes, Lord e Lady Mountbatten, Nehru, Gandhi e Jinnah. Contado quase como um romance, traz uma perspectiva pessoal e humana, ainda que controversa, sobre este monumental momento da história e sobre o peso destas personalidades e as suas intrigas no desenrolar dos eventos que o desencadearam.

A Thing of Beauty: Travels In Mythical And Modern Greece; Peter Fiennes

Um livro que relata uma viagem, em 2021, por vários lugares importantes na mitologia da Grécia Antiga e que é uma reflexão sobre a desesperança dos efeitos da humanidade na natureza, a possibilidade de esperança na actualidade e quais os ensinamentos que ainda podemos retirar desses mitos.

Alpe D’Huez; Ricardo Silva Romero

Várias histórias reais, noveladas como só o autor sabe, passadas nesta etapa mítica do Tour de França em 1984, quando Lucho Herrera, ciclista colombiano, ganha a etapa contra todas as probabilidades. “Falam” Lucho, Bernard Hinault, Laurent Fignon e Manfred Zondervan, mas também os locutores de rádio colombianos Pepe Calderón Tovar e Ismael Enrique Monroy. Passa-se em França, mas também na Colômbia, enquanto todo o país vibra com o seu escarabajo

Contadas em intervalos de tempo ao longo das várias fases da etapa e nas vozes de todos estes personagens, consegue fazer-nos entrar na cabeça e emoções dos ciclistas como atletas, mas também nas histórias humanas, às vezes emocionantes, às vezes mesquinhas de pessoas como todos nós.

A Invenção da Natureza – As aventuras de Alexander Von Humboldt, o herói esquecido da ciência; Andrea Wulf

Biografia de Alexander Von Humboldt. Conta, de forma resumida, todas as suas explorações pelo mundo e desenvolve a influência enorme que teve na maneira como, até hoje, olhamos para a natureza. Da sinopse “Deu nome a mais coisas do que qualquer outro: cidades, rios, cordilheiras montanhosas, uma corrente oceânica, um pinguim, uma lula gigante e até o Mare Humboldtianum na Lua. As suas andanças singulares parecem extraídas de um livro de aventuras: Humboldt penetrou na floresta tropical, subiu aos vulcões mais altos do mundo e inspirou príncipes e presidentes, cientistas e poetas. Napoleão invejava-o; a revolução de Simão Bolívar foi alimentada pelas suas ideias; Darwin zarpou a bordo do Beagle por causa dele; e o Capitão Nemo de Júlio Verne tinha lido todos os livros de Humboldt. “

Pondré mi oído en la piedra hasta que hable, William Ospina

É uma narrativa romantizada (em sentido literário) do trajecto de Humboldt na Colômbia, escrita por um dos meus escritores colombianos preferidos. Lê-se num ápice e consegue aquela mistura de linguagem poética na descrição da natureza que o próprio Humboldt almejava.

Flashback; Mami Pereira

Um regresso aos anos 80 e 90, quando “éramos felizes e não sabíamos”. São várias crónicas sobre as várias coisas, sentimentos e pessoas que compuseram as infâncias e adolescências desta geração portuguesa fluorescente, escritas da forma simultaneamente blasé e profunda que a Mami tão bem consegue. Há pinipons, ursinhos carinhosos, tazos e coisas peganhentas variadas. Há o He-Man e a She-Ra e os Cavaleiros do Zodíaco, a feira popular, os cabelos dos Modern Talking e dos Bon Jovi, Ferrero Rocher e considerações várias sobre o amor e a vida fora dos ecrãs. Ri muito, fiquei muito nostálgica e acenei muito que sim com a cabeça.

Os outros:

Repito-me, face aos anos passados, mas é verdade que também gostei de todos estes, só não me tocaram tanto como os anteriores. Tenho escolhido bem. Mais uma vez, poderia recomendar qualquer um deles, dependendo da situação.

Rio Muerto; Ricardo Silva Romero

The Namesake; Jhumpa Lahiri

The Glass Palace; Amitav Gosh

Palpasa Cafe; Narayan Wagle

Far Out: Counterculture Seekers And The Tourist Encounter in Nepal; Mark Liechty

Doce Cuentos Peregrinos; Gabriel Garcia Marquez

Como Vivir En Vano; Ricardo Silva Romero

Las Reputaciones; Juan Gabriel Vásquez

Os Livros Que Devoraram O Meu Pai; Afonso Cruz

Augusta B. ou As Jovens Instruídas 80 Anos Depois; Joana Bértholo

The Siege; Ismael Kadare

A Trança; Laetitia Colombani