Fui sem expectativas para Naxos. Lembro-me de, em pesquisas rápidas, me parecer a mais diversa e menos turística das ilhas Cíclades, apesar de ser a maior. Mas já não sei porque escolhi as Cíclades para ir com a minha amiga Beatriz. Queríamos explorar uma zona da Grécia que eu ainda não conhecesse e queríamos a possibilidade de fazer praia. Esses eram os únicos requisitos.
O que encontrei foi uma ilha com todos os atributos que valorizo. Paisagens montanhosas, rochosas e estéreis ou verdejantes, mas sempre imponentes; praias de areia amarela e pedrinhas de todas as cores e o Egeu a brilhar no seu azul-verde transparente; vilas penduradas nas encostas, vigiadas por cristas graníticas; ruas estreitas e casas de cantos arredondados e alpendres floridos, que convidam a deixar-se ficar; comida de lamber os dedos, dezenas de variedades de queijos, peixe apanhado no dia pelo barco do restaurante. Vimos mármore por todo a lado. Nas montanhas, em bruto, nos pavimentos e muros, em estátuas e como pedras polidas à beira-mar. Admirámos buganvílias exuberantes, jasmim e flor de laranjeira a perfumar cada canto, oliveiras centenárias que rodeiam igrejas bizantinas e torres venezianas. Tudo isto, com muito pouca gente e uma população que sorriu a cada interacção, nos ofereceu vinho e sobremesas e nos fez sentir extremamente bem-vindas. Talvez fosse ser Maio e a temporada alta ainda não ter começado, talvez sejam sempre assim. Quero acreditar na última. O que é certo é que partimos com pouca vontade, de coração e vistas cheias, convictas da decisão acertada de ficar por ali os quatro dias, em vez de andar a saltitar de ilha em ilha.
Este foi o nosso itinerário:
Dia 1:
Apanhámos o barco em Piraeus, o maior porto de Atenas, às 9 da manhã. Os bilhetes estavam comprados havia já semanas e ainda bem. O barco ia quase lotado. Era um dos semi-rápidos, combinado de carros e pessoas com ar de catamarã gigante, com a rota Piraeus – Sifnos – Mikonos – Paros – Naxos – Santorini. Lá dentro parecia um avião muito largo, com 4 filas de 5 assentos cada. Foram quase cinco horas de viagem, confortável e tranquila, se nos abstraíssemos dos grupos de americanos a falar aos gritos à nossa volta. Saíram quase todos em Mikonos.
A chegada a Naxos é linda. O porto está de frente para Chora, a capital, que se encavalita numa colina. Vêem-se casinhas brancas com portadas azuis a subir até ao remanescente de uma muralha, o castelo veneziano. Para a esquerda, numa península, a porta imponente, sozinha, do templo de Apolo, a emoldurar o céu.

Entre ambos, na distância, cristas montanhosas despidas, com umas quantas casas pelo caminho. Entre nós e esta vista, o Egeu, transparente até ali, junto à marina. Acabara de pôr os pés em terra e já estava empolgada.

O nosso apartamento ficava em Chora, mas afastado da zona histórica dessa colina. Caminhámos esse quilómetro e meio e fomos entusiasticamente recebidas na Sweet Home Naxos. Entusiasmo e simpatia foram a constante daquele alojamento. Fizemos o check-in, recebemos o mapa e as explicações das várias recomendações de restaurantes e atracções e fomos almoçar na melhor dessas recomendações, a Taverna Maro. Simpatia, preços justos, comida caseira. E para além da tradicional oferta da sobremesa, ainda nos deram mais meio litro do rosé que pedíramos. Acabámos de comer eram quatro da tarde. Horário muito grego.
Comida a mais é uma sina, na Grécia. As doses são (quase) sempre grandes e dá sempre vontade de pedir várias coisas. Como tínhamos cozinha e sala, levámos uma porção quase completa de dakos para o jantar, que complementámos com coisinhas boas do supermercado que ficava na rua do apartamento. Os frutos secos e o tzatziki que fizemos sobraram desse jantar para o almoço seguinte.
Passámos o resto da tarde propositadamente perdidas nas ruas estreitas de Chora. Existem alguns museus e igrejas, mas o nosso foco estava nos detalhes e recantos daquela que é considerada uma das mais belas aldeias das ilhas Cíclades, pela sua arquitetura que combina elementos venezianos e cicládicos.




A história da ilha pode ser traçada desde o início da Idade do Bronze, por volta de 3200 a.C. A civilização Cicládica, conhecida pelas suas distintas figuras de mármore e cerâmica, deixou vestígios arqueológicos significativos na ilha. Durante o período arcaico, Naxos foi um importante centro cultural e económico. A ilha era conhecida pela sua riqueza e obras artísticas, particularmente a sua escultura em mármore. A prosperidade, durante este período, reflete-se na arquitetura monumental, incluindo templos e kouroi (grandes estátuas de jovens) e manteve-se durante o período helenístico. A localização estratégica reforçou o seu papel no comércio marítimo e na política, o que continuou durante o domínio do Império Romano. Na era bizantina, Naxos foi um importante centro administrativo e religioso. Muitas das igrejas e mosteiros bizantinos remanescentes foram construídos durante este tempo. A ilha ficou sob controlo veneziano no início do século XIII, tornando-se o centro do Ducado de Naxos. Foi estabelecido um sistema feudal extremamente duro para a população. Os venezianos fortificaram a ilha e deixaram um legado arquitectónico e cultural duradouro. No século XVI, foi conquistada pelo Império Otomano e permaneceu sob domínio otomano por quase quatro séculos. Culturalmente, sofreu pouca influência, uma vez que a administração permaneceu essencialmente nas mãos dos venezianos, que eram somente obrigados a pagar impostos. Muito poucos turcos se estabeleceram em Naxos e havia liberdade religiosa. A população local continuou a enfrentar dificuldades durante este período, incluindo ataques de piratas e o declínio do comércio. O período otomano terminou em 1821, quando Naxos se juntou à Grécia na sua Guerra de Independência.
Durante o século XIX, a capital, Chora, tinha cerca de 2 500 pessoas (hoje ultrapassa as 8 000). O resto da população estava espalhada por muitas aldeias por toda a ilha. As suas principais ocupações eram a agricultura e a pecuária. A sociedade local reunia-se em quatro cafés na área do porto, durante os anos entre guerras (Segunda Guerra Mundial e Guerra Civil Grega que se seguiu). Uma diferença considerável para as dezenas de cafés e restaurantes que hoje se alinham na frente de mar. Actualmente, os produtos agrícolas e o turismo da ilha conferem-lhe autossuficiência económica. O turismo tem crescido desde a década de 1980 e o século XXI fez dele a principal fonte de rendimento para muitos dos ilhéus.

Com o sol já baixo, mas a ameaçar esconder-se entre as nuvens, fomos até um dos postais de Naxos. Conectado, por um pontão cimentado, ao porto e à marina, encontra-se o ilhote Palatia, encimado pela enorme Portara. Esta moldura de mármore com seis metros de altura e três e meio de largura faria parte de um grande templo cuja construção remete para o século VI a.C., mas nunca foi terminado, tendo sido pilhado para construções várias ao longo dos séculos. Hoje, sobra apenas esta enorme porta incompleta, mas estranhamente no seu lugar, aberta para sempre para a cidade ou para o mar, dependendo da direcção pela qual se olhe.


O deus que a inspirou é alvo de controvérsia entre investigadores. Há quem defenda que estava dedicado a Apolo, Deus grego da luz e patrono da música e poesia. Prova disso está no facto do templo estar voltado na direção de Delos – local de nascimento de Apolo, segundo a mitologia. Outros acreditam que seria dedicado a Dionísio, o deus do vinho e uma das divindades mais importantes para os locais. Naxos está repleto de lendas importantes e, como em toda a mitologia grega, há diferentes versões que se misturam e contradizem.
Zeus, pai de todos os deuses, nasceu em Creta, mas foi criado em Naxos. Em sua honra, os habitantes batizaram a montanha mais alta da ilha em sua homenagem (Zeus ou Zas). No pico do Monte Zas uma águia deu a Zeus o trovão, através do poder do qual ele se tornou o deus governante do Olimpo. Zeus apaixonou-se por Semele, filha do rei de Tebas, engravidando-a. Hera, a ciumenta mulher de Zeus, convenceu a jovem Semele a pedir a Zeus que aparecesse à sua frente em todo o seu esplendor divino. Zeus concedeu-lhe o desejo, mas nenhum mortal poderia suportar essa visão impressionante. Semele morreu, mas Zeus salvou o seu feto. Costurou o embrião na sua coxa, e assim se desenvolveu e nasceu Dionísio, ainda em Naxos. Embora a tradição central seja que Dionísio foi então levado para o distante Monte Nysa, na Ásia, outras linhas da mitologia afirmam que as ninfas Filia, Kleide e Koronis assumiram a educação de Dionísio na ilha, escondendo-o na caverna de Koronos. O povo de Naxos idolatrava Dionísio que, por sua vez, abençoou a sua ilha com ricas vinhas.
Naxos é também referido na história de Teseu e Ariadne. Teseu, futuro rei de Atenas, parou em Naxos ao regressar para casa vitorioso, depois de matar o Minotauro, filho de Minos e o guardião bestial (metade touro, metade humano) do Labirinto. Trazia consigo Ariadne, também filha de Minos, que o ajudara a completar a sua difícil tarefa. Dionísio, no entanto, também se apaixonou por Ariadne. Apareceu a Teseu durante o sono e convenceu-o a deixar Naxos imediatamente. Depois, apareceu a Ariadne, que dormia no ilhote Palatia. Comunicando o abandono de Teseu e, convencendo-a com vinho, palavras de amor e uma coroa de ouro e pedras preciosas, fez dela sua mulher. Reza a lenda, que a constelação Ariadne são os brilhantes dessa mesma coroa que os deuses colocaram no céu, para competir com as estrelas.

Sem conseguir ver o pôr-do-sol, que em dias limpos se afundaria no horizonte azul do mar, mas igualmente maravilhadas com as vistas e as histórias, recolhemos para o nosso jantar caseiro. Pelo caminho, parámos para comprar um das dezenas de queijos locais vendidos na KOUFOPOULOS, uma incrível loja de produtos da ilha.
Dia 2:
Acordei com calma e abri a porta ao Lefteris, que trouxe o cesto do pequeno-almoço, enumerando entusiasticamente todos os itens (todos os dias). No dia anterior tínhamos feito uma ronda pelos rent-a-car e escolhido a agência NaxosWay, que nos dava as melhores condições. Conduzimos tranquilamente em estradas quase desertas, em direcção a sul para tentar fugir ao vento. Fomos parando onde calhava e nos apetecia, pelo caminho.

Primeiro o Templo de Dionísio, depois uma praia deserta. Chegámos ao hotel abandonado de Alyko e avistámos uma praia-baía onde o forte vento não chegava.

Depois de umas fotos nas ruínas, estávamos a boiar no Egeu, anormalmente frio, mas estupidamente bonito.

Almoçámos o tzatiki e avelãs que leváramos, aquecendo ao sol.

Seguimos ilha adentro pelo centro, contornando as cristas de granito e mármore. A estrada alternava entre estradões esburacados e asfalto velho, mas as vistas eram sempre impressionantes.

Estacionámos no topo da aldeia de Melanes e lanchámos freddo expresso e iogurte com frutas e mel. Seguindo um trilho circular, caminhámos seis quilómetros entre encostas, cactos, levadas e campos de oliveiras, de um lado ao outro de um vale florido, ligando aldeias de casas brancas com ângulos arredondados e portas azuis. Nas antigas pedreiras de Flerio, visitámos o gigante de mármore, abandonado porque as pernas partiram durante o transporte, há mais de 2000 anos. Vimos orquídeas selvagens, dei festas a burros simpáticos e conversámos sobre o mundo, aquele momento e as plantas do caminho. Agradeci muito. Agradeço sempre a sorte de poder viver tudo isto.




Ao jantar, voltámos aos nossos amigos da Taverna Maro para nova dose de calamares e rosé, agora já sem o dakos. Em equipa vencedora não se mexe. Voltámos a sair de barriga e coração cheio, com mais meio litro de vinho e sobremesa oferecidos e muitos sorrisos partilhados.
Dia 3:
Começámos o dia em direcção à costa este, com um plano vago de atravessar a ilha pelo centro, a norte de onde andáramos no dia anterior. A estrada, alcatroada, mas estreita e ziguezagueante, foi subindo em altitude, cruzando primeiro vales e planaltos verdes e floridos e depois encostas rochosas nuas. Quando desembocámos do outro lado da montanha, esta caía aos nossos pés, em encostas onduladas até ao mar.

Mais verde e mais rocha, depois azul, depois as Pequenas Cíclades a despontar pelo meio. Apontámos à península que entrava mar adentro. A estrada foi descendo em curvas e contracurvas de espanto constante. Perdi a conta ao número de vezes que exclamei “Isto é mesmo bonito!”

Chegadas à costa, percorremos a estrada que a acompanha, às vezes literalmente encostada ao mar, à procura de um sítio onde deixar o carro e dar um mergulho. Havíamos marcado no mapa a praia Psili, mas passámos três vezes no mesmo lugar na estrada sem ver maneira de nos chegarmos nem sitio onde estacionar e descer a pé. Uns metros antes, percebemos um caminho de terra largo o suficiente e decidimos arriscar. Compensou. Chegámos a um mini-largo, em cima de uma praia minúscula com um pequeno pontão, sem ninguém. Estacionámos ali mesmo e atirámo-nos para a água. Via-se a tal Psili, depois das rochas que delimitavam a “nossa” pequena baía. Uma língua de areia inclinada, com arbustos e pinheiros por trás, também vazia. Não chegámos a perceber como se chegava, mas não nos importou nada. Boiámos na água transparente, no meio de peixes quase transparentes também, até nos fartarmos.
Almoçámos na aldeia de Moutsouna. Composta por umas quantas casas e um pequeno porto encostado a uma ainda mais pequena praia, imagino que seja toda uma congestão na época alta. Os três restaurantes com mesas quase em cima da água estavam, no entanto, vazios quando chegámos. Sentámo-nos no Apanemi, à sombra da enorme árvore que cobria quase toda a esplanada e na primeira linha de mesas. O amoroso rapaz que nos serviu levou-nos até ao frigorífico, para escolhermos o que queríamos almoçar da pesca do dia trazida pelo barco próprio do restaurante. Todo um luxo. Pedimos uns enormes camarões assados na grelha e ficámos por ali quase duas horas, embaladas pelo som da ondulação a bater no muro e o leve abanar das folhas na árvore, a sentirmo-nos umas privilegiadas.


Já era meio da tarde quando partimos em direcção ao norte da ilha. O tempo começava a mudar, com nuvens esporádicas e um vento cada vez mais forte, de sudoeste. De novo no meio da ilha, virámos para uma estrada que ainda não tínhamos percorrido e demos com um miradouro que nos tirou o fôlego. À nossa frente espraiava-se quase toda a zona oeste de Naxos.

As montanhas onduladas e verdes, e as cristas rochosas, quais dorsos de pequenos dragões, delimitavam os vales e encostas onde se penduravam aldeias brancas. Chora, estendia-se até ao Egeu, que brilhava quase em espelho, interrompido pela sombra de Paros a contra-luz. Repito-me, agora, porque me repeti tantas vezes nesses dias, exclamando “Isto é tudo tão bonito!”
Chegámos à praia Amitis já o sol estava baixo. Apesar de protegida do vento, a temperatura já não puxava a banhos, mas sim à contemplação.

Demos um passeio pela meia-lua da beira-mar, que brilhava com pedrinhas de dezenas de cores diferentes. Amarelo, laranja, rosa, vermelho, verde, cinzento, branco, preto. Toda a geologia da ilha, batida e polida naqueles berlindes preciosos.

A praia, limitada por duas colinas nos extremos e um prado florido nas costas, estava deserta.

Quando o sol se escondeu nas nuvens e o fresco apertou, voltámos à estrada e percorremos a costa a norte de Chora, de volta a casa.
Dia 4:
Havíamos pensado fazer um passeio de barco de um dia às Pequenas Cíclades e tínhamos até já percorrido as várias agências para escolher o veleiro que levasse menos gente. Mas, ao acompanhar as previsões meteorológicas nos dias antes, percebemos que, mesmo que o barco saísse (o que não era garantido), seria uma navegação, no mínimo, agitada. Não íamos, seguramente, aproveitar a viagem, nem as baías e grutas a que ela dava acesso. Então, optámos por estender o aluguer do carro mais um dia e explorar as aldeias de Naxos, que havíamos apenas atravessado, com calma.

O vento dobrava as árvores e o céu parecia carregado de poeiras, mostrando-se dramaticamente amarelado enquanto percorríamos o planalto rochoso que levava a Chalkio. À chegada, assustámo-nos com a quantidade de autocarros e gente na rua, vindos dos tours de um dia desde Chora. Pareceu-nos um grande contraste com a tranquilidade que vivêramos nos dias anteriores na ilha, mas, felizmente, escolhêramos bem a hora. Quando estacionámos, já tinham saído todos para o destino seguinte.
Começámos por sair da aldeia, caminhando em direcção à capela bizantina do século XI, dedicada a São Jorge Diasoritis. Por entre ruas estreitas e caminhos rurais, entre muros de campos de oliveiras centenárias, fizémos um loop de dois quilómetros, que faz parte de uma rota maior, que liga várias aldeias no vale de Tragea.

A capela estava fechada, por isso não vimos os seus famosos frescos, mas o caminho valeu por si mesmo.


As oliveiras, enormes, largas, de troncos nodosos e retorcidos, vigiavam-nos a toda a volta, lindas, abanando com o forte vento Etésio que as põe à prova há centenas de anos.

De volta à aldeia, sentámo-nos num largo, à sombra de uma videira para o inevitável freddo. Na loja ao lado, comprámos mel, azeitonas e creme de pistácio de uma produtora de uma quinta próxima, que nos deu a provar meia loja antes de nos deixar comprar o que fosse.


Vagando sem rumo pelas bonitas ruas de Chalki, demos com a destilaria Vallindras, que produz o Kitron de Naxos desde 1896. Caminhámos pelo edifício, admirando os grandes alambiques, os móveis antigos, a parafernália em madeira, bronze e vidro e provámos as três concentrações daquela aguardente feita da maceração das folhas do limoeiro.

A mais leve, verde esmeralda, com 30% de álcool, a intermédia, transparente, de 33% e a amarela, com 36%. Trouxe uma garrafinha ondulada da intermédia, amiga de bagagem de cabine e muito bonita.

Seguimos caminho, de aldeia em aldeia, pela estrada que já cruzáramos várias vezes, mas onde continuávamos a descobrir detalhes. Os socalcos verdes encimados por igrejas arredondadas brancas e azuis, as ruínas de torres venezianas, o granito arredondado e os muros feitos de pedras toscas de mármore.

Parámos em Filotis e depois em Apeirantho, sempre encantadas com os recantos coloridos por buganvílias enormes, as pracinhas com chão de mármore, as ruas serpeantes e empinadas.

Íamos tão distraídas que quase falhámos a hora e a localização do almoço, num restaurante que nos tinha sido muito recomendado. Num edifício meio escondido por árvores, no meio da estrada que leva a Aliko, onde tínhamos estado no segundo dia, localiza-se uma pérola gastronómica, a Taverna Axiotissa. O lugar é amoroso, com um terraço enorme, rodeado de árvores e campos de cultivo, uma decoração campestre em tons pastel e cheia de flores. O vento empurrou-nos para a sala interior, igualmente bonita. A comida segue o ambiente, com pratos não só agradáveis aos olhos e ao paladar, mas com ingredientes de produtores locais, especificados no menu, e o melhor pão que comi na ilha.
Depois do almoço, lá pelas quatro, ainda tentámos ir espreitar uma praia selvagem no sul da ilha que nos tinha escapado da primeira vez. Mas o vento estava cada vez pior, levantando pó por um lado enquanto as ondas mandavam spray salgado por outro.

Decidimos voltar para casa, fazendo a estrada pelo centro da ilha uma última vez, em jeito de despedida. Entregámos o carro e caminhámos até Chora, na esperança de um último pôr-do-sol, que não chegou. O céu continuava barrento e o mar cada vez mais agitado. Fizéramos bem em não arriscar o passeio de barco.
A despedida:

Quase como a redimir-se do dia anterior, o dia 5 amanheceu azul brilhante. Tomámos o último pequeno-almoço no nosso apartamento, despedimo-nos com muitos sorrisos do Lefteris e fizemos o último passeio até ao porto de Chora. Esperámos pelo barco, que atrasou, com mais um freddo, desejando poder dar um mergulho na água transparente. Foi com muito carinho que nos despedimos de Naxos, vendo a Portara diminuir de tamanho, enquanto o SeaJets 2 se afastava em direcção a Atenas.