Eu estive aqui há 6 ou 7 anos, mas não me lembro de nada disto. De certeza que andei pelo centro histórico, onde estou. Que passei pela Casa de Colombo, pela arquitecctura colonial, as casas coloridas, as varandas de madeira, os cães de pedra à porta da catedral. Tenho de ter visto isto, mas não tenho memória nenhuma.
É engraçada, a memória. Daqui, lembro-me da cara da minha prima na varanda do hotel, há noite. Da vista para a marina, as luzes. Lembro-me do tiramisu do restaurante Galego, o melhor que já provei. Lembro-me de umas dunas gigantes, numa praia que não me lembro o nome, onde queimei os pés. Lembro-me que decidimos ir tirar fotos para o topo das dunas, que levei as sandálias para não me queimar, mas que a areia a entrar por elas escaldava. Fiquei parada sem saber o que fazer, porque cada passo era doloroso. Lembro-me de uma estrada com curvas em cotovelo e espaço para um só carro, a subir a uns 60 graus, onde a minha mãe teve um ataque de pânico. Lembro-me que iamos a caminho de um qualquer lugar que me parecia muito interessante, e tivemos de desistir.
E é tudo. Não me lembro desta catedral, deste empedrado cinzento, dos autocarros se chamarem GuaGua, da simpatia das pessoas.
Talvez no futuro me lembre destas coisas todas juntas, como se de uma visita só se tratasse. Ou então não. Porque hoje estou por aqui sozinha, e prestes a embarcar de novo, para oito dias a cruzar o Atlântico, e essa será uma memória única.