Uma foto de uma sala, onde estive apenas uma vez, por umas horas.
Gastón tem saudades dos pais, talvez do país, seguramente das pessoas. Sofre de extrañitis, nas suas palavras.
E eu também. Porque aquela sala veio depois de todo um fim de semana, não ali, mas noutra casa, em Alpacorral. Eu y los chicos. Mis chicos (ou nuestros chicos diria Gastón…diriamos todos). Um fim de semana de lareiras e guitarras, cartadas e redes de balanço, choripanes e picadas, sol no telhado, estrelas no telhado, gargalhadas no telhado e em toda a parte.
Um fim de semana que selou uma amizade para mim, com aqueles chicos ternurentos, que me receberam como familia, como a familia que foram sendo uns para os outros. Que me cumprimentavam sempre com um beijinho e um abraço apertado, como se não nos víssemos há muito; que me chamavam, e chamam Reina Fili; que me acarinharam e confortaram quando a distância dos meus me pesava mais; que me ensinaram outra Argentina, a sua.
E agora esta foto do Gastón. E todos nós a responder a ela com gritos mudos de saudades, extrañandonos. E a sonhar com reencontros, a sonhar mais alto com retornos a Alpa, a brincar com comunidades hippie em Alpa para envelhecer juntos, a tentar secar o Atlântico que nos separa.
E depois o Espanhol que se mudou para aqui, a dizer-me que tenho pronuncia Argentina quando falo Espanhol; Castellano diriam os Argentinos. E Fer a dizer-me que a pronuncia não se me despega porque foi apreendida com amor,e eu a dar-lhe tanta razão, e a sentir-me orgulhosa da minha pronuncia.
Viajar, sair, dar-nos aos outros traz-nos tanto…tanto. Mas às vezes doi, uma dor baixinha, que vai e vem, e é também boa, pelo que significa. Como as pernas a doer depois do exercicio. Uma inflamação do coração: Extrañitis.
One thought on “Extrañitis”