Dia 8: Os Argentinos
Quem tem uns Argentinos tem (quase) tudo.
Tem gente que te recebe como amigo onde quer que esteja. Mesmo que tenha acabado de te conhecer, e o sítio seja um cruzeiro. Tem sorrisos infinitos e gargalhadas sonoras. Tem palavrões que não soam a palavrões e um sotaque que se pega como cola. Tem 10 metidos num jacuzzi de 5, porque sim e tem bebidas que são sempre de todos. Tem sempre alguém com uma guitarra, que toca musicas que só os Argentinos sabem mas que nos põem a todos aos saltos, ou melancólicos, pela maneira como lhes sai de dentro.
Tem festa, mesmo quando a festa já acabou: essa mesma guitarra e dois caixotes do lixo a servir de percussão, às duas da manhã no deck exterior de um cruzeiro. A tripulação em cima, nós em baixo, a dar-lhes e dar-nos musica. A separação existe, mas não gostamos dela. Então aí ficamos, com clássicos do rock Argentino e afins, a cantar e dançar porque hoje (ontem) é a última noite para alguns e amanhã vários braços deste abraço se distribuem pela América do Sul.
Quem tem uns Argentinos tem tudo, e eu sou feliz de ir juntando mais tudos ao meu caminho.
…
Salvador da Baía. Ficámos só eu, o Angel e o Juan, espanhóis, O Fede e a Mehl, argentinos e a Clara, suiça. Juntei-me à mesa deles para jantar. Há ainda o Olaf, norueguês e o Zé e a Luísa, portugueses, que são uns porreiros mas com quem tive pouco contacto.
A sensação é a de miudos no fim da colónia de férias. Sabemos que estas pessoas serão sempre especiais, que vão ter sempre um cantinho, mas nunca mais será o mesmo. Pode até vir a ser melhor, será só diferente, mas nunca o mesmo. Então, nestes primeiros dias fica um vazio. Vazio bom, de coisas vividas, mas vazio ainda assim.