Retratos de Lisboa : Beira Tejo na Ribeira das Naus

É barulho de ondulação a bater nas pedras, gaivotas nervosas, com aquele piar que parece de sofrimento, mas não deve ser, porque parecem bem, sirenes de cacilheiros, longas, e depois o seu motor. São os carros ao longe, sem soar a carros mas com um rruuummm constante, os passos de quem passeia, os gritinhos de adolescentes enamorados, muitas línguas diferentes (oh! Isto é castelhano Argentino!), patinhas de cães no cimento, sinos ao longe, rolar de bicicletas.

É o cinzento dos degraus, o branco sujo da calçada, o verde escuro do rio. O vermelho da ponte, o branco das velas dos barcos, o laranja dos cacilheiros.

Prédios e gruas do outro lado, a Lisnave, mais prédios, verde, rocha, o Cristo-Rei. Mais montes, em contra-luz.

O Sol, primeiro amarelo, agora laranja.

O céu, primeiro azul com nuvens brancas, agora roxo, com nuvens amarelas, daqui a nada preto. Daqui a nada a Lua e estrelas.

O rio, agora dourado do Sol.

Mais um cacilheiro, em contra-luz.

Estrangeiros de máquina na mão por causa da ponte e do Sol, agora vermelho.

Eu, primeiro a andar, a encontrar um sitio sossegado (difícil ao Domingo), a deitar-me e ler histórias do Brasil. A lembrar-me do “meu” Rio de Janeiro; a não me querer lembrar desse Rio de Janeiro agora. A sentar-me e ver isto em Lisboa. A gostar de ver isto em Lisboa agora. A reaprender Lisboa agora e a sentir-me em paz.

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