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Acredito na mudança de paradigma. Acredito que é preciso voltar às raízes, literal e figurativamente, percebermo-nos e ao nosso planeta, e defendê-lo. Acredito que isto se pode fazer sem deitar completamente abaixo o que de positivo também se conseguiu com a industrialização, com o agrupamento das pessoas nas cidades e o potencial humano e cultural que essa concentração gera.

Acredito que as viagens têm a capacidade de nos  fazer ver mais longe, colocar-nos em perspectiva relativamente ao outro, às suas diferenças e às nossas semelhanças. Que ao nos movimentarmos geramos também um fluxo de conhecimento, de partilha, de empatia.

Na tentativa de juntar estas minhas crenças, parto para uma viagem pelo mundo em busca de respostas para esta mudança. Quero perceber como se combina a paixão que é a viagem, com a necessidade de promover a sustentabilidade económica e ambiental. Quero sentir que estou a intervir nos lugares por onde passo, não porque ache que tenho de deixar alguma marca, mas para dar em troca aquilo que me dão a mim. Quero mergulhar a fundo na cultura local, aquela vivida pelas pessoas que habitam aqueles espaços físicos e temporais. E quero contar as histórias destas pessoas. As pessoas que trabalham todos os dias neste caminho para a sustentabilidade, as pessoas que abdicam de tanto por projectos em que acreditam, as pessoas que lideram por exemplo. Quero partilhar esse exemplo, para que tenha o reconhecimento que merece e para que possa servir de inspiração a outros.

Assim, planeio conhecer o mundo seguindo os seguintes princípios:

  1. Tentar o mais possível os transportes não aéreos
  2. Visitar e trabalhar em quintas, ecovilas e comunidades rurais.
  3. Conhecer e trabalhar voluntariamente com movimentos de transição nas cidades.
  4. Conhecer e trabalhar voluntariamente em projectos de desenvolvimento sustentável, conservação ambiental, medicina dentária solidária e todos aos quais possa ser útil.
  5. Trocar alojamento e alimentação por serviços, sempre que possível. Quando não possível usar alojamentos locais e couchsurfing de modo a promover a interacção com os habitantes do lugar, e economias da dádiva e partilha.
  6. Viajar sem pressa. Ficar o tempo que sinta necessário em cada local para realmente perceber as suas dinâmicas.
  7. Escrever. Escrever para mim, escrever para contar as histórias e escrever para os projectos, se eles o necessitarem.
  8. Reunir e partilhar a informação recolhida de modo a ajudar projectos de investigação científica.

Vou começar por um regresso. Volto à minha querida América Latina. Volto não só porque ficou muito por ver, porque não a explorei, na altura segundo nenhum destes princípios, mas, principalmente, porque tenho saudades daquela que já é também a “minha” gente. Os amigos que por lá deixei, e os estranhos com quem me cruzei, que sempre me receberam como em casa. E volto vivendo cada quilómetro do caminho. Volto experienciando o Atlântico que nos separa. Volto de barco, cumprindo o primeiro dos meus princípios.

Regresso para iniciar uma nova etapa, ao lugar onde decidi mudar de vida, há 5 anos. Fecho um ciclo, ao abrir outro, no lugar onde ambos se tocam. Um oito invertido, um sinal de infinito, a vida a rodar em espirais alternadas.

 

***
(Parto em Outubro, em data ainda em aberto. Fico por lá até Junho. Depois volto a Lisboa, para seguir para outro continente em Outubro de 2016, e por aí em diante. Para já, esperam-me meses de planeamento e preparação. Têm ideias? Conhecem projectos, em qualquer lado do mundo? Têm amigos que me queiram receber? Conhecem gente com histórias para contar? Sabem de alguém que vá ou conheça quem vá, atravessar o Atlântico de barco, para lá em Outubro/Novembro, e para cá em Junho? Querem acompanhar-me em alguma parte desta viagem? Falem comigo.)

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