Três andares de caos. Caos de bancas, apesar do ordenamento por sectores. Caos de corredores, e escadas. Caos de cores, de frutas, verduras, peixe, carne, queijo, óleos, chouriços, yogurtes, cordas, sapatos, roupa, restaurantes, bares. Homens, mulheres, crianças por todos os lados. Cheiro a ervas aromáticas, a maracujá, a peixe, a espigas de milho, a fritos, a álcool, a lixo, a café, a fumo, a queimado, a couves. Som de vozes indistintas, de música, de vozes que se misturam com a música, de vozes que se destacam:
A la orden, a la orden, a la orden
Bonita, que busca?
Mi amor, a la orden.
Muñeca, en que le sirvo?
Mamita, mire.
E eu miro. Vejo os maiores maracujás amarelos da minha vida, os maiores abacates, frutas que nem sabia existirem. Passo pelos bares onde, talvez por ser domingo, já há gente embriagada ao meio dia. Passo pelos restaurantes onde almoçam familias e velhotes de chapéu de abas. Desvio-me para deixar passar senhores que empurram carrinhos de mão a abarrotar de batatas.
Paro a cheirar o rosmaninho pendurado ao lado de frasquinhos de remédios naturais, enquanto duas senhoras separam outras ervas.
Por cima de uma banca grande, que vende de yogurtes a champôs, vejo o nome Portugal. Pergunto a uma das empregadas se o nome tem relação com o país. Diz não saber. A loja existe há dez anos, o nome vem dessa altura, mas não sabe o porquê. Digo-lhe que sou de Portugal.
“Ah. Pues bienvenida a Colombia, a Medellín, al Minorista…y a Portugal!” Rimo-nos as duas.
Pergunta-me se estou amañadita com a Colômbia. Pergunto-lhe o que é amañadita. “Contenta. Se le gusta?“. Pois, sim. Estou amañadita sim senhora.
(Este mercado é um dos vários que existem em Medellín. Chama-se La Minorista e tem uma história muito interessante. De violência, de recuperação e da importância da atribuição de responsabilidade e da educação no desenvolvimento e empoderamento das populaçẽs desfavorecidas e marginalizadas. Podem ler sobre isso aqui)
és uma mocinha que se amanha em qualquer lugar 🙂 boa continuação!
LikeLike